
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), decidiu suspender o julgamento virtual sobre a prisão de Fernando Collor e levou o caso para o plenário físico da Corte. A medida, tomada nesta sexta-feira (25), interrompe temporariamente os efeitos da decisão do ministro Alexandre de Moraes, que determinou a detenção do ex-presidente durante a madrugada.
Fernando Collor foi preso por ordem de Moraes após a rejeição de recursos apresentados pela defesa. O ex-presidente havia sido condenado a 8 anos e 10 meses de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no âmbito da Lava Jato. A decisão de Moraes, como tem sido praxe, foi tomada de forma monocrática, sem debate prévio com os demais ministros do STF.
O ministro Flávio Dino já havia acompanhado Moraes no julgamento virtual. No entanto, a solicitação de Gilmar Mendes para levar o caso ao plenário físico interrompe o rito, abrindo margem para uma reavaliação do processo, especialmente diante das críticas ao formato acelerado e pouco transparente dos julgamentos online.
A atitude de Gilmar Mendes sinaliza uma possível insatisfação interna com a condução de decisões tão graves sem ampla deliberação entre os magistrados. A expectativa é que o caso tenha uma sessão extraordinária ainda nesta sexta-feira, o que pode alterar o rumo da decisão e gerar novo embate nos bastidores da Suprema Corte.
Essa movimentação reacende o debate sobre o abuso de decisões individuais dentro do STF e reforça as críticas à concentração de poder em mãos de poucos ministros. O caso Collor, mais do que um julgamento penal, acaba escancarando o quanto o Judiciário tem assumido protagonismo político, muitas vezes atropelando o devido processo legal e o debate institucional necessário.