
Em mais uma movimentação articulada nos bastidores do Congresso, o presidente da Câmara, Hugo Motta, decidiu iniciar a construção de um novo texto para o projeto de anistia. A proposta, segundo relatos de lideranças presentes nas reuniões recentes, deve excluir o ex-presidente Jair Bolsonaro e todos os envolvidos em acusações relacionadas a um suposto “golpe de estado”. A manobra soa como mais um ataque direto ao principal nome da oposição conservadora no Brasil.
A decisão foi tomada em reunião com líderes partidários, onde ficou acordado que o novo projeto de anistia terá um alcance limitado. A ideia central é que apenas os manifestantes que foram detidos fisicamente nos prédios dos Três Poderes — Palácio do Planalto, Congresso Nacional e Supremo Tribunal Federal — possam ser beneficiados. Todos os outros que financiaram, organizaram ou apoiaram os atos devem continuar sendo alvos da Justiça.
Essa nova versão proposta tem como objetivo esvaziar o texto apresentado pelo deputado Rodrigo Valadares (União Brasil-SE), aliado de Bolsonaro, que defendia uma anistia ampla para manifestantes de direita desde o segundo turno de 2022. Ao restringir o alcance do projeto, Hugo Motta busca agradar a ala moderada do centrão e ao mesmo tempo sinalizar fidelidade aos interesses do STF e do governo Lula.
A exclusão de Bolsonaro e seus aliados do escopo da anistia já está sendo interpretada como retaliação política. Lideranças do PL consideram a medida um ato deliberado de perseguição e prometem reagir. O partido já havia coletado assinaturas para a urgência da votação, mas agora vê o tema sendo esvaziado por uma nova narrativa fabricada para sufocar o debate público.
Enquanto isso, a pressão aumenta sobre Motta, que tem sido criticado por recuar diante da força do Supremo e por não defender a maioria da Casa. O novo texto pode até ser colocado em pauta nos próximos dias, mas dificilmente agradará à base conservadora que exige justiça igualitária e tratamento imparcial para todos os acusados.