
O senador Carlos Portinho (PL-RJ), líder do Partido Liberal no Senado, elevou o tom contra os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Durante evento da Frente Parlamentar pelo Livre Mercado, Portinho afirmou que, caso não seja aprovada uma anistia “ampla, geral e irrestrita” para os envolvidos nos atos de 8 de janeiro, a direita retomará o poder e colocará os magistrados no banco dos réus por abuso de autoridade.
Segundo o parlamentar, o projeto de anistia que tramita na Câmara dos Deputados não se limita apenas aos manifestantes presos, mas também busca responsabilizar juridicamente os ministros do STF por supostos excessos nas condenações. Portinho garantiu que, em 2027, quando a direita voltar ao poder, haverá uma ofensiva contra a Corte. “Se não tiver anistia, vai ter CPI do abuso de autoridade, CPI da Lava-Toga e impeachment de ministros, um a um”, cravou.
A fala de Portinho está alinhada à estratégia de Jair Bolsonaro para as eleições de 2026. Com dois terços das cadeiras do Senado em jogo, a prioridade do ex-presidente é garantir maioria conservadora na Casa, justamente onde os processos de impeachment de ministros do Supremo tramitam. O objetivo é claro: desmontar o que bolsonaristas consideram um “ativismo judicial militante” que persegue adversários políticos e sufoca a liberdade de expressão.
O recado do senador foi direto a Moraes e Barroso, nomes centrais nos julgamentos relacionados ao 8 de Janeiro. Moraes, relator dos inquéritos, tem conduzido os processos com penas pesadas, enquanto Barroso, atual presidente do STF, tem sido acusado de barrar tentativas de revisão das decisões por parte do plenário da Corte. A base conservadora vê nessas posturas uma ameaça direta à democracia e ao devido processo legal.
Carlos Portinho também não poupou críticas ao ex-presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. O senador relembrou que, em 2021, Pacheco engavetou um pedido de impeachment contra Alexandre de Moraes, protocolado por Bolsonaro. “O maior erro de Pacheco foi não ter dado seguimento. Ali, ele perdeu a chance de colocar o Congresso em pé de igualdade com o Supremo”, disparou Portinho, expondo o desgaste entre os Poderes.
Enquanto o PL articula apoio à anistia total, o governo Lula e o STF negociam um projeto alternativo, com perdão apenas parcial. O embate político se intensifica, e a oposição promete uma resposta à altura nas urnas de 2026. O recado de Portinho é claro: sem anistia, haverá ajuste de contas. E Moraes e Barroso já estão na mira.