A tensão entre o Congresso Nacional e o Palácio do Planalto atingiu um novo patamar após o governo Lula anunciar que vai acionar o STF contra a derrubada do decreto que aumentava o IOF. O presidente da Câmara, Hugo Motta, reagiu com um recado firme e direto, deixando claro que a tentativa de governar via Judiciário, ignorando o Legislativo, terá consequências sérias.
Segundo Motta, ao optar pela judicialização do tema, Lula sinaliza que abandonou de vez o diálogo com os parlamentares. “O governo abriu mão de governar com o Congresso e agora quer governar com o STF”, afirmou. A declaração reflete o clima de insatisfação crescente entre os deputados, que já preparam respostas duras à escalada autoritária do Executivo petista.
O confronto foi desencadeado após o Congresso derrubar, por ampla maioria, o decreto de Lula que elevava o IOF, medida vista como um ataque direto ao bolso dos brasileiros. Ignorando o resultado da votação democrática, o governo decidiu recorrer ao Supremo, usando a AGU para tentar reverter a derrota política. A ação deve ser protocolada nesta terça-feira (1/7).
Para Motta, essa estratégia de Lula só vai inflamar ainda mais o clima de revolta no Parlamento. “Judicializar o IOF é dobrar a aposta no enfrentamento, sem considerar as consequências que vêm no rastro disso”, alertou. A fala do presidente da Câmara escancara a fragilidade do governo, que perde apoio até mesmo no Centrão e aposta agora no ativismo judicial para tentar salvar sua agenda impopular.
A tentativa de transformar o STF em puxadinho do Planalto pode sair caro para Lula. Com o Congresso cada vez mais unido contra os abusos do governo, a governabilidade petista balança, e a insatisfação se espalha inclusive entre partidos antes aliados. No fim, quem paga a conta dessa disputa política é, mais uma vez, o povo.