O 24º Fórum Empresarial Lide, realizado nesta sexta-feira (22) no Rio de Janeiro, foi palco de um dos momentos mais tensos da relação entre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O ministro Alexandre de Moraes ficou visivelmente enfurecido após ouvir as críticas do colega André Mendonça, que havia pedido maior autocontenção do Judiciário e alertado para os riscos do ativismo judicial no Brasil.
Em seu discurso, Moraes atacou a fala de Mendonça e partiu para comparações internacionais. Ele citou a Hungria como exemplo negativo e acusou que qualquer tentativa de limitar o poder do Judiciário seria “coisa de ditador”. Segundo Moraes, essa prática jamais funcionaria no Brasil. “Não se pode atentar contra a democracia e, se der certo, é uma ditadura. Se não der certo, desculpa, volto para casa para me reorganizar”, declarou.
Visivelmente alterado, Moraes continuou em tom desafiador e afirmou que juízes não podem recuar diante das críticas. “Os ataques podem continuar a ser realizados, de dentro ou de fora, pouco importa, o juiz que não resiste à pressão, que mude de profissão, vá fazer outra coisa”, disparou, em clara indireta a Mendonça, que momentos antes havia defendido que um bom juiz deve ser reconhecido pelo respeito e não pelo medo.
O embate entre os dois ministros expôs o racha interno no STF e reforçou a divisão de posturas dentro da Corte. Enquanto Moraes insiste em concentrar poder e se coloca como protagonista da política nacional, Mendonça tenta se mostrar como contraponto, defendendo os limites constitucionais e a preservação das liberdades individuais.