
O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), afirmou nesta quinta-feira (24) que o projeto de lei de anistia aos condenados do 8 de janeiro não entrará na pauta da próxima semana. A decisão revoltou parlamentares do PL, que há semanas articulam para aprovar a proposta com urgência.
Apesar do requerimento assinado por 262 deputados, Hugo Motta alegou que “ainda não é o momento” e preferiu se alinhar aos interesses do governo Lula. Nos bastidores, comenta-se que a resistência de Motta é fruto de acordos firmados com o Planalto, que tenta esvaziar o apoio à proposta.
Na noite anterior, Motta promoveu um jantar com a presença do presidente Lula e líderes partidários, em mais uma manobra para conter o avanço da anistia. O PL reagiu com força: o líder Sóstenes Cavalcanti ameaçou romper acordos internos e mudar a distribuição de emendas nas comissões se o projeto continuar sendo ignorado.
A tensão aumenta no Congresso. A bancada bolsonarista pressiona pela anistia como símbolo de justiça e liberdade, diante de condenações consideradas abusivas. Já o governo e seus aliados tratam o tema como “delicado” e preferem empurrá-lo para o esquecimento. Motta tenta manter o discurso de equilíbrio, mas o cenário é claro: ou ele pauta o projeto, ou enfrentará uma crise sem precedentes com a oposição. A base conservadora não está disposta a aceitar mais adiamentos.