Nada como uma eleição se aproximando para revelar o verdadeiro caráter de certos políticos. É o caso do deputado federal Otoni de Paula (MDB-RJ), que já foi próximo do bolsonarismo, mas acabou flertando com a esquerda — e agora parece tentar corrigir o rumo. Nesta terça-feira (8), ele surpreendeu ao apresentar uma notícia-crime contra o presidente Lula (PT) e sua esposa, Janja, após a polêmica visita à Favela do Moinho, em São Paulo.
Otoni solicita que a Procuradoria-Geral da República (PGR) investigue Lula e Janja por supostos vínculos com uma ONG que teria conexões com o PCC, a facção criminosa que domina diversos territórios no país. A visita à comunidade teria sido intermediada por essa organização, o que, segundo o deputado, exige uma apuração rigorosa. A denúncia envolve também outras autoridades federais que participaram do encontro.
Na representação enviada à PGR, Otoni argumenta que há indícios suficientes da prática de ilícitos penais, incluindo prevaricação, advocacia administrativa e associação criminosa. Ele destaca que a entidade que organizou o evento possui ligações diretas com o Primeiro Comando da Capital (PCC), como já foi divulgado pela imprensa em outras ocasiões. Para o parlamentar, isso coloca em xeque a responsabilidade institucional dos envolvidos.
A postura recente de Otoni de Paula, porém, não apaga sua aproximação com o PT nos últimos tempos. Muitos eleitores ainda lembram das suas tentativas de diálogo com o governo Lula, o que causou repúdio entre os conservadores. Agora, em clima de pré-campanha, ele parece buscar redenção — mas a dúvida que paira é se será suficiente para recuperar a confiança da base conservadora.
Esse episódio reforça a urgência de investigar os bastidores das articulações entre o governo e entidades suspeitas, principalmente quando há indícios de instrumentalização política de criminosos. A verdade precisa vir à tona, e o Brasil exige explicações. Quem se aproxima do poder em troca de conveniência corre o risco de cair junto com ele.