
No dia 10 de abril, às 20h41, a Agência Brasil — órgão oficial do governo — anunciou com pompa e circunstância que Lula havia escolhido o novo ministro das Comunicações. A decisão, segundo o texto, foi sacramentada após uma reunião com os figurões petistas Lula, Alcolumbre e Gleisi Hoffmann. Tudo parecia decidido. Mas a realidade política brasileira, como sempre, é cheia de reviravoltas.
Poucas horas depois, na manhã seguinte, o suposto indicado, deputado Pedro Lucas Fernandes, usou as redes sociais para desmentir a versão do governo. Disse que a nomeação ainda não estava fechada e que dependia de conversas com a bancada. O episódio escancarou a desorganização da articulação política de Lula e a fragilidade das promessas feitas nos bastidores do poder.
Na noite de ontem, Pedro Lucas Fernandes bateu o martelo: recusou oficialmente o convite para ser ministro. Um gesto que, além de desmoralizar a narrativa construída pelo Planalto, expôs as rachaduras internas da base aliada do governo no Congresso. O arranjo arquitetado por Davi Alcolumbre desmoronou antes mesmo de ganhar forma.
Fica no ar a dúvida: o parlamentar foi enganado por um anúncio precipitado, ou Lula e Alcolumbre tentaram forçar uma nomeação para criar um fato consumado e pressionar o partido? Seja como for, o resultado foi um fiasco. Alcolumbre saiu desgastado, pois mostrou que não tem o controle que dizia ter sobre os deputados. A promessa de liderança se mostrou blefe.
O governo Lula, por sua vez, também colhe os frutos amargos da tentativa de manipular politicamente a situação. Em vez de mostrar força e unidade, demonstrou fraqueza e improviso. Se fosse um governo sólido, haveria fila de candidatos disputando a cadeira vaga. Mas nem com toda a máquina pública nas mãos, o Planalto consegue selar acordos com segurança.
A dificuldade em controlar até mesmo a bancada do União Brasil liga o alerta no Palácio do Planalto. O episódio é mais uma evidência de que o governo Lula, embora tentem vendê-lo como estável, sofre de um mal crônico: falta de comando e credibilidade.