O procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidiu acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para denunciar um casal acusado de ter ofendido o ministro Gilmar Mendes e sua esposa em 2018. Para Gonet, o episódio configura crime de injúria e ameaça, apesar de ter ocorrido há quase sete anos. A situação reacende o debate sobre a prioridade dada a processos que envolvem figuras do alto escalão do Judiciário.
O caso aconteceu em outubro de 2018, no aeroporto de Madri, na Espanha. De acordo com a denúncia, Jorge Luiz Vieira teria se aproximado do ministro, ainda dentro de um avião que taxiava, e proferido xingamentos. Sua esposa, Maria Cristina, é acusada de dirigir ofensas e ameaças contra Guiomar Feitosa Mendes, mulher de Gilmar. Segundo a acusação, ela afirmou que Guiomar deveria ter vergonha do marido e que ele “sofreria as consequências” por soltar criminosos.
A denúncia também menciona que, no mesmo dia, Maria Cristina publicou uma foto de Gilmar Mendes dentro do avião, acompanhada da frase: “Vou ter que viajar com um canalha desses”. Para a PGR, esse conjunto de ações configura crimes contra a honra e ameaça. O caso, que parecia esquecido, foi retomado e enviado ao STF, levantando questionamentos sobre seletividade e celeridade no tratamento de determinados processos.
Em 2024, o casal, que mora em Niterói (RJ), foi chamado para depor na Polícia Federal. Durante a oitiva, Jorge e Maria Cristina afirmaram não se lembrar das palavras proferidas em 2018. A retomada de um episódio tão antigo para julgamento no Supremo reforça as críticas sobre o uso de recursos públicos e do aparato judicial em casos de interesse direto de ministros.