
Em nova fase da Operação Sem Desconto, que apura um esquema bilionário de descontos associativos irregulares em aposentadorias e pensões, a Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira mandados de busca e apreensão contra associações suspeitas de envolvimento no escândalo. Dentre elas, está sede do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), cujo vice-presidente é José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico, irmão deLuiz Inácio Lula da Silva.
Frei Chico não consta como investigado no inquérito da PF. Em nota divulgada anteriormente, o sindicato ligado à Força Sindical afirmou que defendia uma investigação “séria e transparente” para “corrigir falhas e evitar que injustiças continuem acontecendo”.
A PF cumpre ao todo 66 mandados de busca e apreensão expedidos pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), André Mendonça. As ações estão sendo realizadas no Distrito Federal e outros sete estados: São Paulo, Sergipe, Amazonas, Rio Grande do Norte, Santa Catarina, Pernambuco e Bahia. A ação conta com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).
O presidente da entidade, Milton Baptista de Souza Filho, o Milton Cavalo, vai prestar depoimento à CPI do INSS nesta quinta-feira. A sessão está marcada para as 9 horas. A associação movimentou R$ cerca de 1,2 bilhão em 6 anos, segundo relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A sede do Sindnapi fica na capital paulista.
Além do Sidnapi, as sedes das associações Amar Brasil e Masterprev também foram alvos de buscas.
De acordo com a Polícia Federal, a operação de hoje tem o objetivo de “aprofundar as investigações e esclarecer a prática de crimes como inserção de dados falsos em sistemas oficiais, constituição de organização criminosa e atos de ocultação e dilapidação patrimonial”.
Os crimes em apuração são de estelionato qualificado, peculato, corrupção ativa, uso de documento falso, lavagem de capitais e organização criminosa.
A ação conta com o apoio da Controladoria-Geral da União (CGU).
A primeira fase da operação foi deflagrada em abril de 2025, quando a PF e a CGU revelaram que sindicatos e associações de aposentados faziam descontos indevidos e sem autorização nos contracheques de beneficiários, o que totalizou R$ 6,3 bilhões. Na ocasião, a cúpula do INSS foi afastada suspeita de envolvimento no esquema.
As entidades envolvidas afirmavam oferecer serviços como planos de saúde, academia e assistência jurídica, mas, segundo a CGU, não possuíam estrutura real para executar o que prometiam. Em muitos casos, os aposentados sequer tinham conhecimento de que haviam sido filiados, descobrindo as cobranças apenas ao consultar seus extratos de benefício.
Em setembro, a PF prendeu os empresários Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como “Careca do INSS”, e Maurício Camisotti, apontados como principais operadores do esquema. Segundo os investigadores, eles coordenavam empresas que funcionavam como intermediárias financeiras entre as associações e os servidores públicos. Parte dos recursos desviados era repassada a funcionários do INSS responsáveis por autorizar os convênios e validar os descontos. Eles negam todas as irregularidades.