The Times denuncia ao mundo a citação de Bolsonaro ainda na UTI

A repercussão internacional do tratamento dado a Jair Bolsonaro no Brasil ganhou novos contornos após o jornal britânico The Times noticiar, nesta quinta-feira (24), que o ex-presidente foi formalmente intimado pelo Supremo Tribunal Federal enquanto se recuperava de uma cirurgia em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Hospital DF Star, em Brasília. O gesto foi interpretado pela publicação como parte de um cerco judicial sem precedentes.

O jornal destaca o absurdo da cena: um ex-chefe de Estado debilitado, recém-operado, sendo abordado por uma oficial de Justiça para ser informado sobre o início de seu julgamento. A reportagem expõe a incoerência das acusações feitas contra Bolsonaro, classificadas como “esdrúxulas”, entre elas a narrativa forçada de que ele teria conspirado com aliados militares e civis para reverter o resultado das eleições de 2022.

O The Times também relembra que Bolsonaro foi declarado inelegível até 2030 pelo Tribunal Superior Eleitoral, mas mesmo assim continua sendo a principal liderança da direita no país, com intenções claras de disputar a presidência novamente em 2026. A matéria reforça o clima de perseguição institucional que o ex-presidente e seus aliados enfrentam por simplesmente se manterem ativos na política nacional.

A intimação, realizada no momento mais delicado da internação, teria inclusive agravado o quadro clínico de Bolsonaro. Segundo boletins médicos, após o episódio, foram registrados aumento da pressão arterial e piora nos exames hepáticos. O ex-presidente permanece em jejum, com visitas restritas e sem previsão de alta, sob cuidados intensivos.

A reportagem britânica serve como alerta à comunidade internacional: há algo de profundamente errado acontecendo no Brasil. Quando até um hospital deixa de ser um local seguro para um cidadão se recuperar de uma cirurgia, e passa a ser palco de atos judiciais, é sinal de que as garantias constitucionais estão sendo rasgadas. E isso não passou despercebido pelos olhos do mundo.

O constrangimento gerado pelo caso é enorme. Não se trata apenas de Bolsonaro. Trata-se de um precedente perigoso, que revela até onde o sistema está disposto a ir para impedir o retorno de um adversário político incômodo. E a denúncia agora não vem só dos brasileiros — vem também do exterior.