O ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), formalizou nesta terça-feira (21) o pedido de remanejamento da Primeira para a Segunda Turma da Corte. A solicitação, que pode reconfigurar o equilíbrio de poder interno, surge em um contexto de atritos entre os julgadores.
Com a possível transferência, Fux se afastará dos julgamentos vinculados aos próximos segmentos da “suposta trama golpista” em análise no STF. A alteração ocorre logo após um confronto verbal entre Fux e o ministro Gilmar Mendes em sessão plenária.
Na nova composição, Fux passará a atuar ao lado de André Mendonça e Kassio Nunes Marques, ambos nomeados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro. Especialistas veem nessa junção o esboço de um “STF em miniatura”. A Segunda Turma, que já inclui Gilmar Mendes, tende a se converter em foco de maior instabilidade.
Na semana anterior, Gilmar questionou o voto extenso de Fux que levou à absolvição de Bolsonaro, além de censurar um pedido de vista que travou um processo contra Sergio Moro. O episódio se complica pelo fato de Gilmar ser parte lesada no inquérito de calúnia paralisado pelo mesmo pedido criticado.
No julgamento do núcleo de desinformação da trama golpista, realizado nesta terça, Fux aludiu indiretamente a Gilmar, ao afirmar que “continuamos no mesmo tabuleiro”, sinalizando que os desentendimentos persistem.
Caso o remanejamento seja aprovado, a Segunda Turma se tornará palco de confrontos recorrentes. De um lado, o combativo Gilmar Mendes; do outro, Luiz Fux, que equilibra análises jurídicas precisas com intervenções consideradas “estratégicas” por observadores. Essa manobra de Fux ilustra como as relações no STF mesclam elementos de negociação e coalizões táticas, indo além das puras discussões legais.