
A morte de Nana Caymmi nesta sexta-feira abalou o cenário cultural brasileiro. Uma das vozes mais emblemáticas da nossa música, filha do lendário Dorival Caymmi, partiu sem receber sequer uma nota de pesar do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O silêncio ensurdecedor do petista revela mais do que desrespeito: mostra que o rancor político fala mais alto que qualquer homenagem à arte e à história.
Nana foi clara em seus posicionamentos. Declarou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro, criticou duramente o PT e chegou a afirmar que Lula representava o que há de mais podre na política brasileira. Em 2019, disse que “só de tirar PMDB e PT já é uma garantia de que a vida vai melhorar”. Também não poupou artistas alinhados com o lulopetismo, como Gilberto Gil, Caetano Veloso e Chico Buarque.
Lula, por sua vez, provou ser pequeno demais para reconhecer a grandeza da cantora. Nenhuma manifestação, nenhuma nota oficial, nenhuma palavra de respeito. É como se, para o petista, Nana não merecesse sequer luto — apenas porque ousou pensar diferente e teve coragem de defender aquilo em que acreditava.
Jair Bolsonaro, ao contrário, demonstrou respeito e sensibilidade. Em publicação nas redes sociais, lamentou profundamente a perda de Nana, destacando sua importância para a cultura nacional. Mesmo fora do governo, o ex-presidente foi mais estadista que o atual ocupante do Planalto, que parece incapaz de separar política de humanidade.
Esse episódio lamentável escancara o abismo moral que separa Lula de qualquer valor de civilidade. Nana Caymmi merecia reconhecimento de todos, independentemente de ideologias. Mas para Lula, quem discorda é apagado — até mesmo na morte.