O governo brasileiro decidiu esconder por 15 anos o conteúdo de uma carta enviada pelo chanceler Mauro Vieira ao futuro secretário de Estado americano, Marco Rubio, nomeado para a diplomacia dos Estados Unidos no governo Donald Trump. O documento, datado de 25 de novembro de 2024, foi a primeira tentativa formal de aproximação do Planalto com a nova administração americana, mas não recebeu qualquer resposta oficial de Washington.
A mensagem, classificada como “secreta” até 2039, felicitava Rubio por sua indicação e expressava a suposta disposição do governo Lula para o diálogo, em um momento em que as relações bilaterais já estavam tensas. A justificativa do Itamaraty para impor o sigilo se baseia na Lei de Acesso à Informação, alegando que a divulgação poderia “prejudicar negociações ou relações internacionais do país”.
O episódio reforça a percepção de isolamento diplomático do Brasil diante dos EUA, que recentemente aplicaram uma tarifa de 50% a produtos brasileiros e sancionaram o ministro do STF Alexandre de Moraes sob a Lei Magnitsky, por violações a direitos humanos e abuso de autoridade. Analistas afirmam que a decisão de esconder o conteúdo da carta sugere fragilidade nas tentativas de reaproximação e levanta dúvidas sobre o real teor da mensagem enviada a Rubio.
Fontes diplomáticas em Brasília avaliam que o sigilo é um sinal de constrangimento político do governo Lula, após a tentativa de contato ter sido simplesmente ignorada por Washington. A manutenção da confidencialidade até 2039 indica que há informações potencialmente embaraçosas para o Brasil, num momento em que o Planalto tenta reduzir os danos causados por atritos com o governo Trump.
O episódio deve ampliar a pressão interna sobre a condução da política externa brasileira, cada vez mais marcada por fracassos diplomáticos e perda de influência internacional, enquanto outras nações já garantiram acordos comerciais e evitaram atritos com a nova administração americana.