O Estadão desmascara Barroso e expõe a farsa para o mundo

O jornal O Estado de S. Paulo publicou neste sábado (26) um editorial que derrubou qualquer tentativa do ministro Luís Roberto Barroso de salvar a imagem do Supremo Tribunal Federal (STF). Em resposta às declarações de Barroso à revista britânica The Economist, o Estadão acusou o presidente da Corte de propagar “falácias” e afirmou categoricamente que ele teria feito melhor se tivesse optado pelo silêncio.

Segundo o editorial, Barroso repetiu o comportamento de confrontar críticas sérias, como já havia feito com o próprio Estadão. Desta vez, seu alvo foi a revista britânica, que ousou trazer à tona uma análise nada favorável ao STF. A publicação internacional tratou do tema com coragem, apontando riscos graves para a democracia brasileira e acusando diretamente o Supremo de exagerar no uso dos seus poderes.

The Economist não poupou críticas, listando três perigos principais: a queda da qualidade nas decisões do STF devido à ampliação dos seus poderes, o desgaste da confiança pública na instituição e, o mais alarmante, a ameaça concreta às liberdades fundamentais. Temas que, segundo o Estadão, são levantados há tempos por analistas sérios no Brasil, sem que os ministros tenham dado qualquer atenção.

O editorial ainda reforça que a crítica ao poder excessivo autoconcedido pelo Supremo, à revelia da Constituição, não é nova. Pelo contrário, já vem sendo repetidamente apontada por comentaristas comprometidos com a verdadeira democracia e o bom funcionamento das instituições. O problema é que, como bem destacou o texto, todos esses alertas têm sido ignorados pelo tribunal.

Sem meias palavras, o Estadão acusou Barroso de falsear a realidade. Ao tentar desqualificar as denúncias da The Economist, o ministro acabou reforçando exatamente os problemas apontados. Sua reação, segundo o jornal, desmoralizou não apenas a sua própria imagem, mas também a já combalida reputação do Supremo Tribunal Federal perante a opinião pública.

O editorial não poupou críticas às práticas autoritárias de Alexandre de Moraes, amplamente respaldadas por Barroso e outros ministros. A publicação lembra que o presidente do STF, ao invés de se manter firme nos princípios jurídicos, escolheu acobertar abusos, agindo como defensor de colegas e não como guardião da Constituição.

Barroso tentou justificar que os réus dos atos de 8 de janeiro estão sendo julgados dentro da legalidade, mas o Estadão desmente essa narrativa. Muitos desses acusados, inclusive o próprio Jair Bolsonaro, sequer deveriam ser processados pelo Supremo, mas o tribunal adaptou a jurisprudência ao sabor dos interesses políticos do momento.

O editorial ensina, com didatismo raro, o que seria o comportamento esperado de um verdadeiro magistrado. Critica, por exemplo, o bloqueio indiscriminado de perfis nas redes sociais, uma prática de censura clara que Barroso tentou disfarçar como mera “remoção de conteúdo”. A tentativa de maquiar a realidade só deixou mais evidente o abuso de poder.

A crítica da revista The Economist sobre o bloqueio de contas no X (antigo Twitter) foi considerada precisa. Suspender toda uma conta vai muito além de apenas remover uma publicação específica — algo que, como lembra o Estadão, deveria ser óbvio para o presidente da mais alta Corte do país.

Além disso, o editorial destaca o absurdo que é o julgamento de Bolsonaro ocorrer em uma das turmas do STF, onde três dos cinco ministros são figuras comprometidas com a narrativa petista. Alexandre de Moraes, Flávio Dino e Cristiano Zanin não têm qualquer condição moral ou jurídica de julgá-lo com imparcialidade.

O Estadão ainda ironizou a justificativa de Barroso sobre o julgamento nas turmas. Lembra que no caso do Mensalão, o julgamento ocorreu no plenário — o que prova que as regras são alteradas conforme os interesses do momento. Para quem deveria ser o guardião da Constituição, Barroso mostrou mais uma vez que a verdadeira regra é a conveniência política.

O editorial também resgatou a polêmica frase atribuída a Barroso: “nós derrotamos Bolsonaro”. O ministro tentou se justificar dizendo que a fala correta era “nós derrotamos o bolsonarismo”, mas o vídeo não deixa dúvidas sobre sua postura militante e partidária, absolutamente incompatível com o cargo que ocupa.

Por fim, o texto fecha com chave de ouro ao destacar que, ao afirmar que a revista estaria “alinhada com a narrativa de golpe de Estado”, Barroso deixa claro que, para ele, os acusados já estão condenados antes mesmo do julgamento. Um retrato fiel da vergonha que se tornou o Supremo Tribunal Federal sob sua liderança.