
A deputada federal licenciada Carla Zambelli (PL-SP) tornou público um extenso dossiê de defesa que reafirma sua inocência diante das acusações de envolvimento na suposta invasão de sistemas do Judiciário. O documento, que já circula entre diplomatas italianos, expõe questionamentos jurídicos sobre a legalidade do processo conduzido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e levanta sérias preocupações sobre o risco de violação de direitos humanos caso sua extradição para o Brasil seja autorizada.
Ciente da possibilidade de extradição, Zambelli, que também possui cidadania italiana, trabalha para garantir que, caso retorne ao Brasil, haja respeito absoluto às garantias legais. O dossiê, dividido em dez capítulos, apresenta argumentos técnicos, sem ataques, mas denuncia irregularidades claras e perigosas no processo — o que põe em xeque a isenção do STF, já criticado por sua atuação política seletiva.
A defesa da deputada compara seu caso ao de Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil condenado no Mensalão petista. À época, a Justiça italiana rejeitou sua extradição inicialmente por considerar degradantes as condições das prisões brasileiras. Agora, os advogados de Zambelli apelam para o mesmo princípio: impedir que uma parlamentar eleita seja submetida a um sistema carcerário que viola abertamente os direitos humanos.
O advogado Fábio Pagnozzi, especialista em Direito e Ética, reforça a tese com base em tratados internacionais, como o Pacto de San José da Costa Rica, a Convenção Europeia de Direitos Humanos e o tratado Brasil-Itália. Ele sustenta que o STF ignorou garantias constitucionais básicas e que o processo contra Zambelli está contaminado por vícios jurídicos e perseguição ideológica — o que fere o devido processo legal e compromete a imparcialidade.
Pagnozzi é direto: “a crise humanitária nas prisões brasileiras é amplamente documentada, sendo inaceitável que uma cidadã italiana e parlamentar eleita seja entregue a um sistema que a coloca sob risco real de abuso”. A defesa não pede favorecimento, mas respeito aos direitos mínimos garantidos em qualquer democracia — algo que parece ausente na conduta atual do STF.
Caso a extradição se concretize, a expectativa é de que entidades internacionais monitorem a pena ou até autorizem o cumprimento em solo italiano. O cenário escancara não apenas a fragilidade do sistema judicial brasileiro sob o comando de Moraes, mas também a crescente desconfiança internacional sobre o rumo da democracia no país.