
A tensão entre o governo Lula e o Congresso Nacional atingiu um novo patamar e pode provocar uma reviravolta no comando da CPMI que vai investigar os escândalos envolvendo o INSS. Nos bastidores, lideranças do Centrão já articulam a entrega da relatoria da comissão ao deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG), um dos nomes mais populares e combativos da oposição conservadora.
A movimentação ocorre em meio a um claro desgaste entre o Planalto e o Congresso, especialmente após a derrota do governo na votação que derrubou o aumento do IOF. Mesmo evitando declarar publicamente esse desejo, deputados da base de Jair Bolsonaro trabalham para garantir que a relatoria da CPI mista do INSS não seja aparelhada pelo PT ou seus puxadinhos ideológicos.
O nome de Nikolas surge com força justamente por representar a ala que mais tem confrontado os abusos da esquerda, inclusive nas redes sociais, onde o deputado se destaca com milhões de seguidores. O próprio presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), estaria inclinado a indicar alguém mais alinhado à oposição, como uma resposta direta ao confronto que o governo petista decidiu travar contra o Parlamento.
A gota d’água teria sido a postura agressiva do PT após a queda do decreto do IOF, quando Lula e seus aliados insistiram na falácia de que os ricos saem ganhando e os pobres saem perdendo. No entanto, a votação contou com apoio maciço até mesmo de partidos de esquerda, revelando que o discurso populista do “nós contra eles” já não cola como antes no Congresso.
Hugo Motta foi direto ao rebater as narrativas enganosas do governo: “Quem alimenta o ‘nós contra eles’ acaba governando contra todos”, declarou. E completou: “A Câmara dos Deputados, com 383 votos — da esquerda à direita — decidiu derrubar um aumento de imposto sobre o IOF, imposto que afeta toda a cadeia econômica”. A fala foi interpretada como uma resposta dura aos ataques de Lula ao Legislativo.
Com a possível relatoria nas mãos de Nikolas Ferreira, a CPMI do INSS pode se tornar um verdadeiro pesadelo para o governo Lula. O jovem deputado já deixou claro que não vai aliviar para irregularidades e esquemas que envolvam o uso político do órgão que deveria servir os aposentados brasileiros. O Planalto, cada vez mais isolado, vê essa movimentação como mais um sinal de que a base já não obedece cegamente ao petismo.