Moraes ultrapassou todos os limites.

O já conturbado embate entre Jair Bolsonaro e o ministro Alexandre de Moraes ganhou novos contornos nesta semana. Em um ato que chocou até mesmo figuras neutras da política, Moraes determinou que uma oficial de Justiça entregasse uma intimação ao ex-presidente enquanto ele ainda se encontrava internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), no Hospital DF Star, em Brasília.

A intimação foi realizada no quarto de UTI às 12h45, após a oficial obter acesso ao local, contrariando orientações médicas. Bolsonaro, que havia passado por uma cirurgia no intestino delgado para tratar sequelas da facada de 2018, classificou o episódio como “inacreditável” em conversas com aliados próximos. O ex-presidente relatou surpresa e indignação com a postura do STF em um momento de vulnerabilidade física.

Aliados do ex-presidente não esconderam a revolta. Para eles, a ação foi desproporcional, desumana e completamente desnecessária. A intimação poderia ter sido adiada, sem prejuízo ao processo, respeitando o estado clínico do paciente e as normas hospitalares que visam preservar sua recuperação e evitar riscos de infecção. O gesto foi entendido como uma demonstração clara de perseguição e desprezo pela dignidade do ex-presidente.

Apesar das críticas, o Supremo alegou que a citação de Bolsonaro foi feita de forma “adequada” e com base na constatação de que ele havia realizado uma transmissão ao vivo no dia anterior. Usar essa live como justificativa para autorizar uma intimação em plena UTI é, no mínimo, um desrespeito ao bom senso. Fazer uma live e receber uma citação judicial são situações com níveis de estresse completamente distintos.

A comparação feita pelo STF não se sustenta nem sob ótica jurídica, tampouco humana. A live foi uma mensagem curta e controlada. Já a presença de uma oficial de Justiça em meio à recuperação cirúrgica impõe tensão emocional, risco à saúde e uma violação ao que deveria ser o mínimo: o direito à tranquilidade em um ambiente hospitalar. A decisão de Moraes, mais uma vez, acende alertas sobre os limites do poder Judiciário.

Com mais esse episódio, cresce em Brasília o clima de tensão entre o Judiciário e a oposição conservadora. A postura do STF, personificada na figura de Moraes, reforça a percepção de que há uma guerra aberta contra Bolsonaro e seus aliados, usando os mecanismos da Justiça não como instrumentos de equilíbrio, mas como ferramentas de intimidação.