
A Polícia Federal indiciou José Fernando de Moraes Chuy, atual corregedor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), por três crimes ligados a uma suposta tentativa de interferir nas investigações da chamada “Abin Paralela”. Segundo o inquérito, Chuy, que é delegado da PF, teria atuado de maneira deliberada para desacreditar a ex-corregedora Lidiane Souza dos Santos, colaboradora da própria PF e da Controladoria-Geral da União (CGU) nas apurações.
Antes de assumir o cargo na Abin, Chuy liderou a Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), período em que o ministro Alexandre de Moraes presidia o tribunal, pouco antes das eleições de 2022.

De acordo com as investigações concluídas recentemente, Chuy ainda ocupa posto de comando na Abin e teria promovido ações internas com o objetivo de minar a credibilidade de Lidiane. Entre as práticas atribuídas a ele está a elaboração e entrega de um “documento apócrifo”, que traria supostas acusações contra a ex-corregedora. O material teria sido entregue ao então diretor de Inteligência Policial da Abin, Leandro Almada da Costa, e ao coordenador-geral de Contrainteligência, Rafael Caldeira.
O encontro em que o dossiê foi apresentado teria sido convocado por Chuy sob o pretexto de tratar-se de um tema sensível e sigiloso. Para a PF, a atitude caracteriza uma “clara investida contra o curso da presente investigação”, especialmente por tentar introduzir elementos informais e não verificados no processo.
Segundo o relatório da Polícia Federal, a estrutura da Corregedoria teria sido usada para compilar o dossiê com o objetivo explícito de intimidar e desqualificar o trabalho da ex-corregedora. A PF aponta que, após assumir o cargo, Chuy promoveu a troca completa da equipe do setor e reabriu processos antigos na tentativa de encontrar falhas atribuíveis a Lidiane.
Apesar de não possuir experiência anterior em correição federal, Chuy foi nomeado para o cargo por indicação do atual diretor-geral da Abin, Luiz Fernando Corrêa, logo após o término do mandato da ex-corregedora. Os investigadores destacam que a troca de comando foi acompanhada de ações classificadas como uma tentativa de “asfixiar” os trabalhos conduzidos por Lidiane, que até então haviam resultado em operações de busca, prisões e afastamentos de funcionários da agência.
Com base nesses fatos, José Fernando de Moraes Chuy foi formalmente indiciado pelos crimes de obstrução de investigação envolvendo organização criminosa, prevaricação e coação no curso do processo.