Um dia após o governo dos Estados Unidos anunciar sanções contra servidores brasileiros envolvidos no programa Mais Médicos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) rebateu a medida e defendeu a relação do Brasil com Cuba. As declarações foram dadas nesta quinta-feira (14) em Goiana (PE), durante a inauguração de uma fábrica de hemoderivados da Hemobrás.
“O mundo é muito grande”, disse Lula. “O Brasil tem 8 milhões e meio de quilômetros quadrados. [Tem] lugar para andar no Brasil. Não se importe. Lugar bonito”, ironizou, se referindo a Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, que teve o visto americano revogado. O outro servidor afetado foi Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais do Ministério da Saúde e atual coordenador-geral da COP30.
“Quero dizer para os companheiros cubanos que o fato de eles cassarem (o visto americano do) Mozart foi por causa de Cuba. Porque eles tinham ido a Cuba. É importante eles saberem que a nossa relação com Cuba é de respeito. É um povo que está sendo vítima de um bloqueio a 70 anos. Hoje estão passando necessidade. É um bloqueio sem nenhuma razão”, afirmou Lula.
O presidente acrescentou ainda: “Os Estados Unidos fizeram uma guerra e perderam. Aceitem que perderam e deixem os cubanos viverem em paz, deixem viverem a vida. Ele (Donald Trump) não é imperador, gente”.
O bloqueio dos EUA a Cuba, em vigor desde 1962, consiste em sanções econômicas impostas ao regime cubano e, embora tenha sido flexibilizado durante o governo de Barack Obama, permanece vigente. Segundo o Observatório Cubano dos Direitos Humanos, a pobreza extrema em Cuba atingiu 89% da população no final de 2024.
A revogação dos vistos de Mozart e Kleiman foi anunciada pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio, e justificada pela participação de ambos na implementação do programa Mais Médicos entre 2013 e 2018, em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) e Cuba.