Filipe Barros exige auditoria no transporte secreto de Nadine Heredia

A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados vai votar nesta quarta-feira, 23, um requerimento que pode abrir uma auditoria no Tribunal de Contas da União (TCU). O foco é investigar o uso de aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB) para transportar Nadine Heredia, ex-primeira-dama do Peru, condenada por corrupção.

A operação foi autorizada pelo governo Lula, que concedeu asilo diplomático à aliada da esquerda latino-americana. Heredia chegou ao Brasil no dia 16, embarcando em avião da FAB como se fosse uma autoridade brasileira. O caso gerou forte indignação nos bastidores de Brasília e levantou suspeitas sobre o verdadeiro objetivo da operação. Afinal, por que o governo mobilizou recursos militares para acolher uma figura condenada pela Justiça de seu país?

O requerimento foi protocolado pelo presidente da comissão, deputado Filipe Barros (PL-PR). Ele ressalta que a ex-primeira-dama peruana foi sentenciada por lavagem de dinheiro e associação criminosa, e que sua transferência envolveu gastos públicos e decisões administrativas que ainda não foram devidamente esclarecidas.

Filipe Barros quer que o TCU investigue se houve ato formal para autorizar o uso da aeronave da FAB, além de exigir dados sobre os custos da missão — como combustível, horas de voo, tripulação, manutenção e logística. O parlamentar também pede que seja apurado se houve desvio de finalidade, favorecimento político ou uso da máquina pública em benefício ideológico.

A reunião também discutirá um requerimento do deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES), que quer a convocação do chanceler Mauro Vieira. Ele terá que explicar o envolvimento do Itamaraty na concessão de asilo à ex-primeira-dama peruana, decisão vista por muitos como uma afronta à moralidade e ao combate à corrupção.

Segundo o deputado, o Brasil é signatário da Convenção de 1954 e não deveria conceder asilo a condenados por crimes comuns. A justificativa de perseguição política não se sustenta diante de uma condenação definitiva, o que indica uma tentativa do governo Lula de proteger aliados ideológicos envolvidos em escândalos de corrupção.

A reunião da Comissão está marcada para as 9h, no plenário 3 do Anexo II da Câmara. Ao todo, 13 itens estão na pauta, mas a expectativa é de que o caso Nadine Heredia concentre as atenções. A base do governo teme desgaste, enquanto a oposição prepara um embate duro contra mais um capítulo da politização da diplomacia brasileira.