“Circo na UTI”, diz Estadão após STF intimar Bolsonaro no DF Star

O editorial do jornal O Estado de S. Paulo surpreendeu ao criticar tanto o ex-presidente Jair Bolsonaro quanto o ministro Alexandre de Moraes, do STF, sobre o episódio da intimação em plena UTI. O veículo, mesmo com seu viés progressista, admitiu que a atitude de Moraes pode ter alimentado ainda mais a narrativa de abuso de autoridade por parte do Judiciário.

O texto, com o título irônico “Circo na UTI”, inicia com críticas a Bolsonaro por conceder entrevistas e participar de lives no hospital. No entanto, rapidamente volta sua artilharia para Moraes, por ter enviado uma oficial de Justiça ao quarto de hospital do ex-presidente, mesmo diante de seu quadro clínico delicado.

Segundo o Estadão, a decisão de Moraes acabou servindo de munição para que os apoiadores de Bolsonaro reforcem a denúncia de que o Brasil vive sob o julgo de um “Estado Judicial”. Mesmo não concordando com essa visão, o jornal reconheceu que o ministro agiu sem prudência, aumentando a sensação de perseguição.

A publicação ainda destacou o comportamento maniqueísta de Moraes, que age como se fosse o último bastião da democracia. Para o jornal, o ministro se enxerga como uma espécie de “guarda-costas plenipotenciário do Estado Democrático de Direito”, sempre disposto a punir com mão de ferro qualquer opositor político.

Em tom de crítica mais contundente, o Estadão apontou que o Código de Processo Civil prevê que citações não devem ser realizadas em estado de saúde grave, e ainda que o caso de Bolsonaro não fosse terminal, o bom senso exigiria que a intimação fosse feita após a alta médica. Mas, segundo o jornal, Moraes preferiu o confronto e quem saiu arranhado foi o próprio Supremo Tribunal Federal.

Esse episódio mostra, mais uma vez, que há uma ala do STF que parece não medir as consequências políticas de suas ações. Enquanto o Brasil sofre com inflação, insegurança e corrupção, as manchetes continuam sendo protagonizadas por decisões polêmicas de ministros que agem como se estivessem acima da Constituição.