A Advocacia-Geral da União (AGU) contratou o escritório de advocacia norte-americano Arnold & Porter Kaye Scholer LLP, localizado em Washington, para atuar nos Estados Unidos com o objetivo de tentar reverter as sanções econômicas impostas pelo governo de Donald Trump contra o Brasil. A informação foi confirmada neste sábado (30) e já causa repercussão tanto no meio jurídico quanto político.
O detalhe que chama a atenção é que o escritório Arnold & Porter já teve entre seus profissionais o brasileiro Luís Roberto Barroso, hoje presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Barroso trabalhou na firma ainda na década de 1980, antes de iniciar sua trajetória mais conhecida no meio jurídico brasileiro. Esse vínculo anterior levanta discussões sobre a ligação entre a banca contratada pelo governo Lula e o magistrado que hoje ocupa um dos cargos mais poderosos da República.
Em 2016, durante uma palestra realizada justamente na sede do escritório em Washington, quando ainda podia viajar para os Estados Unidos, Barroso fez questão de mencionar sua passagem pela firma americana. Ele relembrou: “Fui um foreign associate aqui no Arnold & Porter no distante ano de 1989, logo após haver concluído meu LL.M em Yale. Trabalhar aqui foi uma experiência que marcou a minha vida positivamente.
De volta ao Brasil, me dediquei simultaneamente à vida acadêmica e à advocacia, como é comum no meu país. Ao longo dos anos, meu escritório trabalhou em conjunto com o Arnold & Porter em alguns casos, e eu mesmo assinei affidavits e atuei como expert witness em questões de direito brasileiro em litígios aqui”.
A contratação do escritório ocorre em meio a um contexto de forte tensão nas relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. Desde que o governo Trump anunciou tarifas e medidas restritivas contra produtos e interesses brasileiros, o Palácio do Planalto busca estratégias jurídicas para enfrentar as sanções no campo internacional. O acordo com a firma norte-americana, portanto, representa a tentativa do governo Lula de abrir espaço para negociações judiciais e políticas em solo americano, apostando em um caminho que une diplomacia e lobby jurídico.