A triste realidade que faz com que figuras como Alcolumbre, Pacheco e Renan dominem o Senado

Davi Alcolumbre foi eleito senador com 196 mil votos em 2022. Curiosamente, esse é o mesmo número recebido por Alex Manente, apenas o 21º deputado mais votado de São Paulo. Embora o Senado represente os Estados igualmente, é impossível ignorar o desequilíbrio de representatividade. A maior potência do país tem hoje uma bancada irrelevante no Senado.

Tente lembrar, sem pesquisar, os três senadores de São Paulo. Poucos conseguem. Marcos Pontes, Mara Gabrilli e Giordano compõem a bancada paulista — provavelmente a mais fraca da história recente.

Já tivemos nomes de peso como FHC, Montoro, Quércia e Serra. Hoje, temos três figurantes sem voz nas grandes decisões políticas.

O Senado é uma casa de articulação, onde quem sabe fazer política avança. Enquanto isso, São Paulo fica à margem, com representantes apagados. Eles não chegaram lá por acaso — foram eleitos pelo próprio povo paulista. E o erro se repete eleição após eleição, com votos dados por simpatia, não por competência.

Não basta ser celebridade, ter bom currículo ou frases de efeito. A política exige articulação, estratégia e capacidade de influência. Veja Sérgio Moro, por exemplo. Apesar da popularidade, é um figurante no Senado. Álvaro Dias, que perdeu a vaga, faria muito mais diferença no plenário.

A ausência de protagonismo de São Paulo abre espaço para figuras como Alcolumbre dominarem a cena. Ele joga o jogo político com maestria, enquanto os nossos senadores apenas assistem. O resultado é visível: menos projetos, menos relevância, menos defesa dos interesses paulistas.

Se o eleitor não mudar sua forma de escolher, continuará entregando poder a políticos de outros Estados. O Senado continuará dominado por quem sabe articular — e não por quem tem o maior colégio eleitoral. Política é jogo de influência. E quem não joga, é jogado.