
Como o povo diz, “quem muito fala, engole sapo”, na versão da minha vó. Toda vez que Lula abandona o script pronto, é sinal de que uma asneira vai pipocar. E não falhou dessa vez.É óbvio que se capta a essência do que ele pretendia expressar, com sua grosseria habitual. Sem consumidores de entorpecentes, o negócio do tráfico desmoronaria.
Os viciados integram a engrenagem do vício, tal qual o capitão Nascimento berra em uma das sequências clássicas de Tropa de Elite: “você que sustenta essa porcaria toda, seu fumador!”.Porém, o discurso de Lula vai além disso. Ele escancara, de forma rara, a cosmovisão petista: todo mundo é refém de um “sistema” malévolo. Tipo assim: o assaltante que surrupa o salário de um assalariado médio também é vítima desse mesmo coitado, que lucra com uma engrenagem exploradora.
No universo progressista, não existe cobrança individual. Cada um é marionete do capitalismo selvagem. As coisas são eternamente intrincadas, e o dedo na ferida sempre cai nessa teia que nos sufoca, manipulada por uma elite de magnatas, os verdadeiros vilões da trama. Logo, o corolário é que reprimir os chefes do crime organizado é perda de tempo, pois eles sofrem tanto quanto os dependentes ou os moradores reféns das favelas dominadas pelo banditismo.
O remédio é demolir essa “estrutura” que nos aprisiona e erguer outra que garanta escola de elite, hospital top e diversão premium para a massa, de sorte que a delinquência suma por falta de fôlego. Até lá, vamos tratar a todos como coitados imaculados.
