O governo Lula (PT) decidiu jogar todas as suas fichas na aprovação de um projeto que isenta do Imposto de Renda os cidadãos com renda de até R$ 5 mil. A medida, vendida como “social” e usada como trunfo eleitoral, tem um custo estimado em R$ 100 bilhões até 2028. Para cobrir esse rombo, o Planalto incluiu no pacote medidas compensatórias, garantindo que o governo “não perderia nada”. Mas a conta pode não fechar.
Segundo apuração de Malu Gaspar (O Globo), Centrão e oposição articulam silenciosamente uma jogada que promete derrubar Lula no campo econômico, assim como já fizeram ao tomar o comando da CPMI do INSS. O movimento em curso pretende manter a isenção do IR — que é popular e dificilmente será rejeitada pelo Congresso —, mas eliminar todas as medidas de compensação. Isso lançaria no colo do petista uma verdadeira bomba fiscal, ampliando ainda mais as dificuldades do governo em fechar o já combalido ajuste fiscal de Fernando Haddad.
O requerimento de urgência do projeto foi aprovado na última quinta-feira (21), abrindo caminho para que a votação ocorra diretamente no plenário. Embora não haja data definida, parlamentares do Centrão deixam claro que não terão nenhum constrangimento em aprovar a isenção e rejeitar o aumento de impostos, deixando Lula sozinho para lidar com o rombo bilionário.
No Senado, a leitura é a mesma: a maioria não pretende se comprometer com uma elevação de tributos para salvar o governo. Para líderes ouvidos nos bastidores, a ideia é clara: permitir que Lula colha os louros eleitorais da promessa, mas que sofra depois com o caos fiscal e a reação negativa do mercado.
Com o governo já enfraquecido pela perda de controle da CPMI do INSS, que ameaça expor escândalos de corrupção bilionários, a combinação de uma crise fiscal fabricada pelo Congresso e as revelações da comissão pode se transformar no golpe fatal contra a gestão petista.