
O que antes parecia teoria conspiratória vai, aos poucos, se revelando como uma rede de bastidores muito mais sombria do que se imaginava. As mensagens atribuídas a Mauro Cid, delator da Polícia Federal e ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, revelam algo estarrecedor: o atual comandante do Exército, general Tomás Paiva, estaria repassando informações de reuniões privadas com Alexandre de Moraes ao próprio Cid e seu pai, o general Lourena Cid. Em outras palavras, um canal direto entre o Judiciário militante e o alto escalão militar — fora do radar oficial.
Em um dos trechos mais explosivos, Cid afirma que Moraes teria dito que “tem raiva e ódio” de Bolsonaro e que “acha que o PR acabou com a vida dele”. Uma afirmação grave, revelando que há uma motivação pessoal por trás de decisões judiciais que vêm atingindo Bolsonaro e aliados com todo o peso da máquina estatal. O problema se agrava quando se descobre que esse tipo de declaração teria sido repassada informalmente por um comandante militar. Não é apenas quebra de protocolo — é conivência institucional com perseguição política.
Outro detalhe que chama atenção: Cid conta que houve ordem para “preparar os quartos” no Comando Militar do Planalto. Para quem? Segundo ele, para o próprio ex-presidente. Um nível de articulação e adiantamento que foge do razoável, especialmente considerando que Bolsonaro sequer tinha cometido qualquer crime. O cenário pinta uma elite do poder preparando terreno para agir contra um chefe de Estado legítimo, sob o verniz de legalidade e com apoio de estruturas militares.
Se Mauro Cid está mentindo, que se prove — e rápido. Mas se estiver dizendo a verdade, o Brasil está diante de um esquema grave, com laços profundos entre togados e fardados, onde interesses pessoais se sobrepõem à Constituição. A Justiça, que deveria ser cega, teria se transformado em instrumento de vendeta, enquanto o Exército silencia ou participa. Tudo isso, enquanto a população é tratada como mera espectadora de um teatro obscuro.
O mais alarmante é o silêncio das instituições. Nenhuma nota oficial, nenhum pedido de apuração, nenhum recado à sociedade. O que se vê é cumplicidade e medo. O medo de desafiar quem hoje concentra poder demais para ser contestado. O Brasil está em silêncio, mas as mensagens gritam. E expõem, sem piedade, o que muitos ainda insistem em fingir que não está acontecendo.
A cada nova revelação, fica mais claro: os bastidores do poder se transformaram em um campo de guerra. Não contra o crime, mas contra adversários políticos. A toga virou espada. A farda virou escudo. E a democracia, essa sim, está sendo sufocada no silêncio ensurdecedor de quem deveria protegê-la.