
Em mais um episódio de cinismo político, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a jogar a culpa da atual taxa básica de juros — que está em 15% — na gestão anterior do Banco Central, comandada por Roberto Campos Neto. Segundo Haddad, foi a equipe anterior que deixou “heranças” que obrigaram o Copom a seguir elevando a Selic. No entanto, essa narrativa não apenas é falaciosa como foi desmontada pelas próprias falas do atual presidente do BC, Gabriel Galípolo.
Durante entrevista nesta terça-feira (24), Haddad afirmou que o aumento da Selic já havia sido decidido ainda em dezembro de 2024, quando o patamar estava em 12,25%. Para tentar justificar a elevação de três pontos percentuais, o ministro usou o argumento de que “mudanças bruscas em política monetária são perigosas”. O discurso, porém, esbarra no fato de que o próprio Copom tem tomado suas decisões por unanimidade — ou seja, com apoio total da atual diretoria, já sob domínio de Lula.
Gabriel Galípolo, homem de confiança de Haddad e hoje presidente do Banco Central, jamais corroborou a tese de que a atual política monetária seja responsabilidade de Campos Neto. Ao contrário, em declarações públicas, Galípolo elogiou o ex-presidente do BC e ressaltou que todos os diretores têm autonomia plena em suas decisões. Segundo ele, cada voto no Copom representa a “consciência” de cada membro, e as decisões recentes vêm sendo tomadas com total consenso.
Na prática, Haddad tenta usar Campos Neto como bode expiatório para esconder o desastre da política econômica petista. O governo Lula segue gastando sem freio, não cumpre metas fiscais, não promove reformas sérias, e ainda assim quer jogar nas costas de outros a responsabilidade pelos juros altos que penalizam toda a economia. A verdade é que o descontrole fiscal e a insegurança jurídica são marcas registradas do atual governo — e isso impacta diretamente na confiança do mercado.
Essa manobra de distorção é mais uma jogada de marketing para tentar aliviar a barra de um governo que já sente o peso do fracasso. Mas o povo brasileiro não é bobo: sabe que quem está no comando hoje é Lula, e quem define a política econômica agora são seus próprios aliados. Culpar o passado é conveniente, mas não cola mais.