
Durante a cerimônia da Medalha da Inconfidência, realizada nesta segunda-feira (21), em Ouro Preto (MG), o governador Romeu Zema (Novo) fez um discurso contundente em defesa das liberdades individuais, destacando que, apesar de o Brasil viver sob um regime democrático, a liberdade não tem sido efetivamente garantida na prática. Em meio a um clima político cada vez mais autoritário, Zema usou o simbolismo de Tiradentes para fazer um alerta que ressoou entre os presentes.
O governador lembrou que, há mais de dois séculos, o mártir da Inconfidência Mineira foi executado por lutar por uma causa que hoje deveria ser natural: o direito à liberdade. Segundo ele, o Brasil tem uma Constituição que assegura formalmente os direitos individuais, mas na prática, a liberdade está sendo ameaçada por decisões arbitrárias e por ações que limitam a expressão e a mobilidade dos cidadãos. Uma crítica clara ao cenário atual, sem citar nomes diretamente.
Zema destacou que liberdade vai além das páginas das leis e precisa ser vivida no cotidiano dos brasileiros. Para ele, é obrigação dos governantes garantir que cada cidadão possa expressar suas opiniões sem medo, circular livremente e ter segurança para retornar ao lar. Em um momento político em que opositores do governo federal vêm sendo perseguidos, presos ou calados por decisões judiciais questionáveis, o discurso do governador mineiro se tornou um verdadeiro manifesto em defesa da democracia de verdade.
Embora não tenha mencionado diretamente o projeto de anistia aos presos políticos dos atos de 8 de janeiro, Zema fez questão de deixar uma mensagem velada ao presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), que era o principal homenageado da cerimônia. A menção ao projeto ficou subentendida, principalmente ao ressaltar que o país precisa de ações concretas pela liberdade — algo que só pode ser alcançado com coragem política para encarar temas que dividem o Congresso.
Em seu discurso, o governador mineiro expressou confiança de que Hugo Motta compreende o verdadeiro significado da liberdade. Zema ressaltou o perfil conciliador e agregador do parlamentar, destacando que essas qualidades são fundamentais para transformar a liberdade em realidade, e não apenas em um discurso vazio. Para muitos presentes, a fala soou como um apelo para que Motta enfrente a pressão e paute o projeto de anistia no Congresso Nacional.
Apesar da expectativa gerada em torno da presença de Hugo Motta, ele deixou o evento antes do discurso de Zema para participar de outra cerimônia em homenagem a Tancredo Neves, em São João del Rei. Sua ausência no momento mais simbólico da solenidade reforçou a impressão de que o tema da anistia continua sendo evitado por parte da classe política, mesmo sob pressão de setores conservadores e da própria população.
O evento, marcado por simbolismo histórico e discursos carregados de significado, reforçou o papel que Romeu Zema vem desempenhando como uma das vozes mais firmes em defesa das liberdades no Brasil. Em tempos de perseguição disfarçada de legalidade, é cada vez mais raro ouvir autoridades falando com tanta clareza sobre o que realmente importa para o povo: liberdade, justiça e respeito à Constituição.