
A professora Luciana Dôrea, de 53 anos, que leciona na rede pública de Teixeira de Freitas, na Bahia, relatou ao Supremo Tribunal Federal (STF) um episódio que escancara o nível de vigilância imposto aos acusados dos atos de 8 de janeiro. Em carta escrita de próprio punho, a educadora explicou que deixou o colégio às pressas após perceber que a tornozeleira eletrônica que usa por ordem judicial estava com a bateria descarregando, o que resultou em 17 minutos de desligamento. Mesmo com o curto intervalo, ela teme ser presa novamente por conta do ocorrido.
Luciana afirmou que costuma carregar o equipamento na bolsa e que, por um descuido, não levou o carregador naquele dia. Ao notar o alerta da tornozeleira, pediu imediatamente um carro por aplicativo para retornar à sua casa e conectá-la à energia. Em sua justificativa, a professora reforça que o tempo sem carga foi mínimo e sem qualquer intenção de violar as medidas impostas pelo STF. O receio, no entanto, é de que mesmo essa pequena falha seja usada como justificativa para colocá-la atrás das grades novamente.
O episódio demonstra como a Justiça vem tratando com extremo rigor os cidadãos que estiveram nas manifestações contra o atual governo em janeiro de 2023. Enquanto criminosos de verdade são liberados em audiências de custódia, patriotas estão sendo caçados e punidos como se fossem perigosos bandidos. Luciana já chegou a ser presa na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, a Colmeia, e agora vive sob constante medo de voltar para lá por conta de qualquer descuido técnico.
Seu advogado, em petição encaminhada ao ministro Alexandre de Moraes, pediu o afastamento de qualquer possibilidade de prisão em razão do ocorrido. O documento afirma que a servidora pública não tem histórico de violar medidas judiciais e que o episódio deve ser tratado com bom senso. A defesa alega que a intenção sempre foi cumprir integralmente as condições impostas, e que o episódio isolado não representa ameaça à ordem pública ou qualquer risco à sociedade.
Em vídeos nas redes sociais, Luciana Dôrea aparece em manifestações em frente ao quartel do Exército em Brasília. Acusada de participação nos atos do 8 de Janeiro, ela chegou a ficar presa na Penitenciária Feminina do Distrito Federal, conhecida como Colmeia.