
A transmissão do XIII Fórum de Lisboa — conhecido informalmente como “Gilmarpalooza” — foi bruscamente interrompida nesta quinta-feira (3), gerando um rastro de especulações nos bastidores. O momento da queda do streaming coincidiu com a palestra de Mike Pompeo, ex-diretor da CIA e ex-secretário de Estado dos EUA, o que levantou imediatamente suspeitas sobre a atuação da inteligência americana ou até interferência política.
Pompeo participou do painel “Geopolítica em Reconstrução: Implicações Socioeconômicas” e, conforme cláusula contratual, sua apresentação não poderia ser transmitida ao vivo. Porém, o que causou estranheza foi o fato de a live continuar fora do ar mesmo após o fim de sua fala, o que alimentou teorias de bastidores sobre possíveis mensagens sensíveis, segredos diplomáticos ou até censura velada no evento jurídico que já vinha chamando atenção pelas falas controversas de ministros do STF.
A verdade só veio à tona horas depois. Segundo o YouTube, a derrubada foi automática, motivada por dezenas de reivindicações de direitos autorais devido ao uso de músicas protegidas durante o evento. A plataforma alegou que o sistema de Content ID detectou múltiplas infrações e, como medida padrão, interrompeu a live por violação de copyright, algo que ocorre independentemente do tipo de canal ou conteúdo sendo exibido.
Apesar da explicação técnica, a sequência dos fatos deixou um rastro de desconfiança. Afinal, em um evento com presença de ministros do STF, autoridades internacionais e ex-agentes da CIA, a coincidência de uma transmissão cair exatamente durante uma fala de peso como a de Pompeo acendeu alertas de que há mais por trás dos bastidores do Gilmarpalooza do que o público é autorizado a ver. Para muitos, foi o retrato de um fórum onde as “instituições” falam muito em transparência, mas agem no sigilo.
O caso também reacende o debate sobre o poder das plataformas digitais em interromper transmissões de eventos públicos com base em critérios técnicos, muitas vezes sem aviso prévio ou possibilidade de defesa imediata. No Brasil do ativismo togado e do controle narrativo, qualquer apagão de informação gera alerta — e com razão.