
A sabatina de Paulo Gonet na CCJ do Senado nesta quarta-feira (12) virou palco para um dos discursos mais controversos da senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS). Em vez de tratar da indicação ao comando da PGR, ela deu um passo além: pediu que advogados que defendem réus e condenados do 8 de janeiro sejam investigados. O tom do pronunciamento chamou atenção pelo ataque direto à própria atuação da advocacia — um dos pilares democráticos garantidos pela Constituição.
Soraya afirmou que haveria “indícios” de que alguns profissionais estariam reproduzindo argumentos padronizados, fazendo autopromoção política nas redes sociais e até arrecadando recursos por meio da visibilidade dos processos. Em um ponto ainda mais grave, insinuou que alguns advogados poderiam estar até “escondendo clientes foragidos”, sem apresentar qualquer fato concreto que sustentasse a acusação.
Em sua fala, a senadora tentou desqualificar a defesa apresentada por diversos réus, por ela classificada como “idêntica” em vários estados do país. Disse:
“Todo mundo que pegou o primeiro ônibus… a narrativa se repete. Parece-me que há alguém ou um conluio por trás deste tipo de comportamento.”
A declaração foi recebida como uma crítica generalizada contra o trabalho técnico dos defensores, e não contra eventuais irregularidades individualizadas — criando um clima de desconfiança artificial contra uma classe essencial ao Estado de Direito.
Soraya seguiu atacando, afirmando que alguns advogados estariam, na verdade, atuando para Jair Bolsonaro, e não para seus clientes. Foi além:
“A impressão que me dá é que não estão defendendo os seus clientes. Estão na defesa de Jair Bolsonaro. Por isso, é necessária uma investigação acurada.”
O discurso acendeu o alerta entre juristas, que viram na fala uma tentativa clara de criminalizar a advocacia, especialmente aquela que contraria a narrativa defendida pela esquerda — um movimento perigoso e incompatível com garantias fundamentais.
