
O ex-desembargador Sebastião Coelho anunciou nesta quinta-feira (25) que está se retirando da defesa de Filipe Martins, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro. A decisão veio dois dias após o STF transformar Martins em réu, numa acusação que gira em torno de uma suposta tentativa de golpe – uma narrativa que tem sido usada amplamente para perseguir opositores do atual governo.
Segundo Coelho, a motivação da sua saída foi pessoal, relacionada à saúde. Contudo, ele não poupou críticas à decisão da Corte e reiterou sua total confiança na inocência de Martins. “Minha expectativa era que essa denúncia absurda fosse rejeitada. Filipe é completamente inocente”, afirmou o jurista.
O ex-desembargador revelou ainda que já havia comunicado à equipe a possibilidade de se afastar do caso, caso o STF aceitasse a denúncia. “Tenho dois assuntos pessoais urgentes a resolver, um deles de saúde”, justificou. Mesmo fora do processo, ele garantiu que continuará ao lado de Filipe, agora como conselheiro.
Coelho fez duras críticas à condução do julgamento e ao comportamento do ministro Alexandre de Moraes. Em tom firme, afirmou que a partir de agora poderá falar com mais liberdade sobre o caso, já que não representa mais formalmente o réu. “Continuo na trincheira contra o arbítrio de Moraes”, declarou.
Durante a sustentação oral, Coelho comparou o tratamento dado a Martins à crucificação de Jesus Cristo. “Estamos na Semana Santa. Filipe Martins vem sendo crucificado há mais de um ano. Isso precisa acabar”, discursou. A analogia, que causou repercussão, expressa o sentimento de injustiça vivido por muitos brasileiros diante das decisões do STF.
Vale lembrar que, antes do julgamento, o advogado já havia se envolvido em polêmica ao tentar entrar, sem credenciamento, em outra sessão do STF relacionada a outro núcleo. Na ocasião, ele foi detido por desacato, mostrando como os defensores de Bolsonaro vêm sendo tratados: com hostilidade e desrespeito.