
Em meio ao julgamento na Primeira Turma do STF, o advogado de defesa de Filipe Martins, Sebastião Coelho, protagonizou um dos raros momentos de lucidez e firmeza na Corte. Ao ouvir Alexandre de Moraes citar a suposta “minuta do golpe” como parte da denúncia, Coelho interrompeu com uma pergunta direta: “Onde está esse documento nos autos?”. O ministro não respondeu de forma concreta. Disse apenas: “Aguarde que vamos chegar lá”. Mas o ponto essencial ficou no ar: o STF julga sem exibir as provas?
O episódio ilustra o que tem se tornado regra em julgamentos politizados. Denúncias construídas com base em ilações, documentos paralelos e suposições tomam o lugar de evidências concretas. A famosa minuta, que teria sido encontrada nas investigações da Polícia Federal, nunca foi devidamente apresentada como prova formal contra os acusados.
Mais grave ainda é o fato de o Supremo usar esse tipo de narrativa para justificar a continuidade de processos contra opositores políticos. Em nome de proteger a “democracia”, o STF parece confortável em abandonar o devido processo legal e ignorar o princípio básico da ampla defesa. O simples ato de pedir para ver o documento virou afronta.
Segundo a Procuradoria-Geral da República, o chamado “núcleo 2” teria usado a PRF para dificultar votos no Nordeste. Nenhuma prova conclusiva foi apresentada até hoje. O que se vê é a repetição de termos como “atentado contra as instituições” para legitimar uma perseguição sem fim a aliados do governo Bolsonaro.
A atuação firme de Sebastião Coelho escancarou a contradição: como julgar com base em documentos que não constam oficialmente no processo? A dúvida permanece sem resposta, e o país segue assistindo a um julgamento político travestido de justiça.