
A jornalista Eliane Cantanhêde se tornou um exemplo vivo de como a militância disfarçada de jornalismo pode se voltar contra o próprio autor. Em vez de informar com equilíbrio, ela opta repetidamente por comentários ideológicos, levianos e, muitas vezes, ofensivos. Sua trajetória recente é marcada por retratações públicas, demonstrando que o problema não é apenas pontual, mas recorrente.
Em 2019, insinuou que havia algo “errado” quando 13 criminosos morreram em confronto com a polícia, sem baixas entre os agentes. A repercussão foi imediata e negativa. Já agora, em 2025, questionou ao vivo por que os mísseis iranianos não “fazem mais mortos” em Israel, sugerindo uma lamentável expectativa de “equilíbrio de cadáveres”. A reação pública, mais uma vez, foi de indignação — e ela precisou voltar atrás.
Comentarista declaradamente favorável à censura das redes, Cantanhêde usa as próprias plataformas digitais como palco para justificar suas falas e atacar adversários, inclusive magistrados. Nesta semana, atacou o juiz que concedeu liberdade ao réu condenado por vandalismo em 8 de janeiro, como se desconhecesse o funcionamento do Judiciário — ignorando que decisões de primeira instância não anulam sentenças do STF, mas podem tratar de execuções penais.
Curiosamente, ela se cala diante de abusos do próprio Supremo, como a intromissão direta de Alexandre de Moraes nas competências do CNJ. Pior: ainda solta elogios rasgados ao ministro, reafirmando o culto personalista que domina certos setores da velha imprensa.
Em vez de ser um contraponto equilibrado, Cantanhêde se tornou apenas mais uma voz que ecoa a agenda de um sistema enviesado, onde jornalismo virou militância e opinião virou sentença. Uma profissional que perdeu o prumo e, ao que tudo indica, já não enxerga o muro que ela mesma construiu entre a seriedade e o servilismo ideológico.
