
A Polícia Federal (PF) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF), por meio de ofício enviado nesta segunda-feira (20 de outubro de 2025), a abertura de um novo inquérito para investigar advogados e jornalistas que criticaram publicamente a prisão de Filipe Martins Garcia, ex-assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro.
O pedido, assinado pelo delegado Fábio Shor, da Delegacia de Repressão a Crimes Fazendários, associa as críticas a uma suposta “milícia digital” ligada à trama golpista investigada na Operação Tempus Veritatis. A medida visa apurar possíveis crimes como calúnia, difamação e obstrução de justiça, alegando que as manifestações visam desacreditar a investigação.
De acordo com o ofício, a PF aponta que as críticas, divulgadas em redes sociais e veículos de imprensa, questionam a legalidade da prisão de Martins, decretada em fevereiro de 2024, e incluem acusações de “erro grave” na inserção de dados falsos sobre sua suposta fuga para os EUA. A PF defende que Martins simulou entrada no país americano para forjar álibi, com base em confirmação do governo dos EUA de que os registros migratórios eram falsos, inseridos meses após a prisão.
O delegado argumenta que tais narrativas formam uma “rede de desinformação” para pressionar autoridades judiciais. A defesa de Filipe Martins reagiu veementemente, classificando o pedido como uma “tentativa de criminalizar a advocacia, a imprensa e a cidadania” e uma confissão de fragilidade nas provas contra o réu.
Os advogados, liderados por Jeffrey Chiquini, afirmam que o ofício representa “intimidação” e violação à liberdade de expressão, prometendo recorrer ao STF e à OAB. Jornalistas como os do Poder360 da Revista Oeste e CNN Brasil, alvos indiretos, destacam que as críticas se baseiam em falhas na investigação, como a inserção tardia do registro falso nos EUA (abril de 2024), questionando a credibilidade da PF.