Petistas colocam “panos quentes” em decisão do STF sobre Ramagem

Lideranças do PT estão correndo para colocar “panos quentes” na crise aberta pela decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que irritou a Câmara dos Deputados. A determinação delimita quais crimes atribuídos ao deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) podem ser analisados pelo Legislativo. A revolta do presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), expôs o desgaste entre o STF e o Congresso.

Nos bastidores, petistas tentam aliviar a pressão lembrando que a comunicação oficial ao Legislativo foi assinada pelo ministro Cristiano Zanin, indicado de Lula e próximo ao PT. Alegam, no entanto, que a decisão partiu do ministro Alexandre de Moraes, que relatou o processo envolvendo a suposta tentativa de golpe de Estado e delimitou a atuação da Câmara apenas a crimes praticados após a diplomação de Ramagem.

Fica claro, porém, que o STF agiu com alinhamento político. A decisão de Moraes foi rapidamente chancelada pela Primeira Turma da Corte, em mais uma demonstração de que a máquina judiciária segue operando para proteger interesses específicos. Além disso, a provocação que deu origem à manifestação do Supremo partiu justamente de Lindbergh Farias (PT-RJ), líder do PT na Câmara.

O voto de Moraes foi explícito: a Câmara deverá se limitar a analisar crimes cometidos depois da diplomação de Ramagem como deputado. São eles: dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado, conforme descrito no Código Penal e na legislação ambiental. Os demais fatos, como as acusações relacionadas à Abin, ficam fora de alcance.

Para tentar conter o desgaste, governistas articulam uma operação dentro da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). O plano é garantir que a comissão cumpra a decisão do Supremo e vote apenas a suspensão dos processos ligados aos crimes pós-diplomação, sem tocar no que seria relacionado ao suposto golpe, abafando qualquer repercussão mais grave.

O relator do pedido de suspensão das ações contra Alexandre Ramagem, deputado Alfredo Gaspar (União-AL), deverá adotar uma linha ainda mais contundente. Segundo aliados, Gaspar deve pedir o trancamento de todas as investigações que atinjam o deputado, enfrentando diretamente a manobra conduzida por Moraes e endossada pelo PT.