
A imprensa correu para estampar em manchetes bombásticas que Jair Bolsonaro teria recebido R$ 30 milhões entre março de 2023 e fevereiro de 2024, insinuando lavagem de dinheiro. Mas, ao analisar com atenção os dados do relatório da Polícia Federal (PF), o que se encontra é mais uma peça de mau jornalismo do que qualquer indício sério contra o ex-presidente.
O relatório apresenta a chamada “Tabela 1: Resumo de lançamentos a crédito”. O maior item listado é o PIX, com cerca de R$ 19,3 milhões recebidos em aproximadamente 1,2 milhão de transferências — uma média de apenas R$ 16 por movimentação. Ou seja, tratam-se de doações pulverizadas, feitas por apoiadores comuns, e não de grandes aportes suspeitos, como a manchete faz parecer.
Outro ponto escandalosamente mal explicado é o referente a CDB/RDB. A matéria sugere que Bolsonaro “recebeu” cerca de R$ 11 milhões dessa fonte. No entanto, quem entende o mínimo de finanças sabe que ninguém recebe dinheiro de CDB/RDB: o que ocorre é o resgate de aplicações próprias já depositadas anteriormente. Pior: a mesma reportagem admite que houve depósitos de R$ 18 milhões nesses mesmos investimentos, o que demonstra clara dupla contagem.
Matreiramente, a matéria omite a Tabela 2, que certamente consta do relatório e traria os débitos e movimentações de saída da conta de Bolsonaro. O efeito é claro: inflar artificialmente o número final para produzir a manchete chamativa dos R$ 30 milhões, sem contextualizar a origem ou destino dos valores. É a velha técnica de transformar estatística em arma política.
Enquanto a mídia tenta forçar essa narrativa, casos reais de corrupção envolvendo a esquerda — como o escândalo das “rachadinhas” de Flávio Bolsonaro exposto em 2018 pelo canal Spotniks, ou os bilhões desviados da Petrobras no mensalão e petrolão — ficam cada vez mais abafados. O objetivo é cristalino: desgastar Bolsonaro com números distorcidos, ao passo que esquemas comprovados do PT são tratados com complacência.