
O ex-presidente Jair Bolsonaro apresentou um novo e surpreendente pedido ao Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando o adiamento das audiências de testemunhas no processo em que figura como réu por suposta tentativa de golpe de Estado. A defesa alegou que não teve acesso completo e adequado ao vasto material probatório, que ultrapassa 40 terabytes de informações, dificultando a elaboração da estratégia de defesa.
Segundo os advogados, o acesso ao conteúdo foi liberado pela Polícia Federal apenas em meados de maio, poucos dias antes das primeiras audiências previstas. Além disso, relataram que muitos arquivos estão incompletos, sem as devidas senhas ou links de acesso, e organizados de maneira extremamente complexa, o que impede uma análise aprofundada antes do prazo estabelecido para o fim da instrução processual.
A defesa destacou que, sem a devida análise desse material, não será possível assegurar o pleno direito ao contraditório e à ampla defesa, garantias constitucionais fundamentais para qualquer acusado. Por isso, pediu a suspensão das audiências e a ampliação do prazo para que todas as provas possam ser examinadas de forma adequada e responsável.
Até o momento, o ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, não se manifestou sobre o novo pedido. Em ocasiões anteriores, Moraes já havia rejeitado pleitos semelhantes da defesa de Bolsonaro, afirmando que o acesso ao material não alterava o conteúdo central da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR).
O caso segue como um dos mais emblemáticos processos envolvendo o ex-presidente, que se defende das acusações e segue articulando politicamente para manter sua base de apoio. A expectativa é de que a decisão de Moraes sobre o novo pedido seja tomada nos próximos dias, podendo impactar diretamente o cronograma processual.