
Durante o julgamento da denúncia contra o chamado “núcleo 4” dos acusados pelo 8 de janeiro, nesta terça-feira (6), os ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux fizeram questão de mostrar uma falsa harmonia para o público. A atitude dos magistrados veio em resposta a boatos sobre um suposto atrito entre os dois, após Fux ter discordado frontalmente da pena imposta por Moraes à cabeleireira Débora dos Santos, presa por participar dos protestos em Brasília.
Fux aproveitou a ocasião para afirmar que mantém uma relação antiga com Moraes, anterior à ida de ambos ao Supremo Tribunal Federal. Tentando soar diplomático, o ministro declarou que respeita o trabalho do colega e minimizou as divergências internas na Corte, como se elas fossem apenas “diferenças de visão jurídica”.
Segundo Fux, o que se vê no STF seria apenas “dissenso” e não “discórdia”, tentando afastar a ideia de confronto direto. No entanto, o discurso soa mais como uma tentativa de preservar as aparências, já que as decisões autoritárias de Moraes têm gerado reações até mesmo entre seus pares.
Moraes, como de costume, adotou um tom irônico e até debochado. Em vez de responder com serenidade, acusou os jornalistas de querer transformar o Supremo em uma espécie de revista de fofocas. “Tiram foto da minha gravata, do terno do ministro Flávio Dino. Querem fazer intriga”, disparou, como se as críticas ao ativismo judicial fossem apenas futilidades.
O episódio deixa claro que o clima no STF está longe da tranquilidade. A tentativa de disfarçar desentendimentos é, no mínimo, uma forma de manter a fachada de unidade, enquanto por dentro o Judiciário se fragmenta com disputas internas e decisões cada vez mais distantes da Constituição.