Moraes chama Dino de “candidato a papa” em meio a julgamento

Durante a sessão de julgamento do STF sobre a denúncia apresentada pela PGR contra o chamado “núcleo 2” do suposto plano para um golpe de Estado, o ministro Alexandre de Moraes protagonizou um momento curioso ao ironizar seu colega Flávio Dino. Tudo aconteceu após Dino fazer uma referência bíblica durante a apresentação de voto. Em tom bem-humorado, Moraes disparou: “Vossa Excelência é candidato a papa. Eu percebo uma certa… tendência”.

A declaração foi feita enquanto o relator Alexandre de Moraes apresentava seu voto sobre a aceitação ou não da denúncia. Dino o interrompeu para falar sobre os “juristas da internet” e, logo depois, emendou com uma citação do Antigo Testamento. O tom descontraído da conversa evidenciou a proximidade entre os dois ministros, mesmo durante um julgamento delicado. A ministra Cármen Lúcia também interveio, completando o momento com um comentário sobre os múltiplos significados da palavra “jurista”.

Dino afirmou: “Quanto a essas fake news, Vossa Excelência tem total razão e acho muito mais constrangedor quando se trata de pessoas que se autodenominam juristas”. Em seguida, Cármen Lúcia ponderou: “Juristas também podem ser quem empresta dinheiro a juros, segundo o português. É preciso cuidado com o sentido das palavras”. Dino então retomou com outra citação bíblica: “E apenas para não deixar a bíblia de fora, quem empresta dinheiro a juros comete um pecado, segundo o Antigo Testamento”.

Foi nesse momento que Moraes, com um sorriso no rosto, respondeu: “Vossa Excelência é candidato a papa. Eu percebo uma certa… tendência”, arrancando risos discretos dos presentes. A cena reforça o tom quase colegial com que os ministros petistas e aliados do governo Lula conduzem processos sérios e polêmicos — muitos deles recheados de acusações frágeis e interpretações questionáveis.

Apesar do clima descontraído, o que está em jogo é a continuidade do processo contra seis denunciados que podem virar réus, caso a denúncia seja aceita. A sessão ocorre justamente na Primeira Turma do STF, e os cinco ministros devem decidir se há fundamentos suficientes para transformar os acusados em réus formais por participação na tentativa de manter Jair Bolsonaro no poder.

Segundo a PGR, o “núcleo 2” seria formado por pessoas que teriam agido para “sustentar a permanência ilegítima” de Bolsonaro na presidência. A denúncia, que carece de provas robustas, vem sendo vista por muitos juristas como mais um passo na perseguição sistemática à direita conservadora. A dúvida que paira é: até quando a Suprema Corte servirá de palco para ironias e militância, enquanto vidas e reputações são destruídas?