Lula age para barrar anistia

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve reafirmar sua posição contrária ao projeto de lei da Anistia durante um encontro com líderes partidários da Câmara dos Deputados. A reunião está prevista para esta terça-feira (22) ou quarta-feira (23), e contará com a presença do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). Lula, mais uma vez orientado por ministros do Supremo Tribunal Federal, quer barrar qualquer tentativa de perdoar os manifestantes envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro.

A articulação entre Executivo e Judiciário tem sido clara: sufocar qualquer chance de anistia e criminalizar ao máximo os envolvidos, mesmo os de menor periculosidade.

Na semana passada, o PL protocolou o pedido de urgência para o projeto de anistia, que conta com forte apoio popular e da base conservadora no Congresso. A pressão agora está nas mãos de Hugo Motta, que terá que decidir se envia a proposta para uma comissão especial ou se a leva direto ao plenário da Câmara.

Apesar do discurso de consenso entre os Três Poderes, o que se vê é um movimento coordenado para impedir que o Legislativo exerça sua autonomia. A proposta de limitar a anistia apenas a crimes leves ou mudar a dosimetria das penas, como defende o STF, é vista como manobra para manter o controle sobre o processo.

O PL, partido de Jair Bolsonaro, já declarou que não aceitará meia-anistia. A legenda defende o perdão integral para todos os que foram perseguidos após os atos de janeiro, inclusive os que foram usados como bode expiatório para satisfazer a sede de revanche de certos ministros do Supremo.

Jair Bolsonaro, em conversa com a CNN, afirmou que não vê sentido em reduzir penas sem resolver o cerne da questão. Para o ex-presidente, a proposta deve ser votada como está, sem concessões a um Judiciário que, segundo ele, já ultrapassou todos os limites da razoabilidade.

Enquanto isso, a população conservadora segue mobilizada. A expectativa é que o PL da Anistia seja levado ao plenário, mesmo contra a vontade do Planalto e da cúpula do STF, mostrando que ainda há resistência dentro do Congresso ao avanço autoritário que tenta calar quem pensa diferente.