O ex-ministro das Comunicações, Juscelino Filho, anunciou oficialmente sua saída do cargo na noite da última terça-feira (8), entregando pessoalmente seu pedido de demissão a Lula. A decisão veio após o político maranhense tornar-se alvo de denúncias por suspeitas de corrupção, feitas pela Procuradoria-Geral da República (PGR). Em nota pública, Juscelino classificou a saída como “uma das decisões mais difíceis” de sua vida pública. Ele destacou que sua atitude não decorre de falta de compromisso, mas sim do desejo de preservar o projeto político do qual participou no governo.
“Saio por acreditar que, neste momento, o mais importante é proteger o projeto de país que ajudamos a construir e em que sigo acreditando”, declarou.
Segundo o ex-ministro, sua gestão no Ministério das Comunicações foi marcada por avanços significativos, especialmente na ampliação do acesso à internet. Ele citou a instalação de 12 mil km de fibra óptica na Amazônia, a entrega de mais de 56 mil computadores em comunidades carentes e a implementação da TV 3.0 como parte do legado deixado.
“Trabalhar por um país onde a inclusão digital não seja privilégio, mas direito. Levar internet onde antes só havia isolamento”, escreveu.
Juscelino também destacou o destravamento do Fust, com mais de R$ 3 bilhões investidos em inclusão digital. Em meio à repercussão da denúncia da PGR, que o acusa de crimes como corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Juscelino reafirmou sua confiança nas instituições, especialmente no Supremo Tribunal Federal. “As acusações que me atingem são infundadas […] A justiça virá”, afirmou.
O agora ex-ministro optou por aguardar o retorno do presidente Lula ao Brasil, após viagem a Honduras, para formalizar sua saída, a fim de evitar constrangimentos públicos.
A atitude ocorre em conformidade com declarações feitas pelo próprio presidente em 2023, quando afirmou que afastaria membros do governo denunciados formalmente por órgãos de investigação. Com a exoneração, Juscelino Filho retorna à Câmara dos Deputados como representante do União Brasil pelo Maranhão. Ele encerra sua nota agradecendo a equipe do ministério, ao presidente Lula, ao partido e ao povo maranhense, enfatizando seu orgulho por representar o estado.
“É com a cabeça erguida e o sentimento de dever cumprido que deixo o ministério”, concluiu.