O senador Flávio Bolsonaro alertou nesta quarta-feira (23) que uma possível sanção dos Estados Unidos contra Hugo Motta e Davi Alcolumbre pode provocar um efeito colateral grave: a união do Congresso com o STF para proteger interesses próprios e isolar a oposição. Em entrevista após retornar de Portugal, Flávio demonstrou preocupação com a possível consequência política da medida, que teria sido cogitada por aliados de Donald Trump como forma de pressionar os chefes do Legislativo.
A estagnação do projeto de anistia na Câmara e a recusa de Alcolumbre em pautar pedidos de impeachment de ministros do STF teriam motivado o estudo de sanções por parte do governo americano. Flávio reconheceu que a direita não tem controle sobre essas ações externas, mas pontuou que a reação dos alvos pode criar um pacto de sobrevivência entre Judiciário e Legislativo para se blindarem diante da pressão popular.
O senador ainda sugeriu que, diante do risco de sanções, os dois presidentes do Congresso Nacional poderiam buscar alinhamento automático com os ministros do STF, criando um bloco de resistência contra avanços da oposição. Isso dificultaria ainda mais a tramitação de projetos que busquem conter abusos ou restaurar liberdades suprimidas pelas decisões recentes do Supremo.
Enquanto isso, o Planalto mantém o silêncio conveniente, assistindo de camarote a uma crise internacional que expõe a submissão das instituições brasileiras a interesses autoritários internos. Se a pressão externa não for coordenada com uma reação firme da sociedade e do Congresso, o Brasil corre o risco de ver seu sistema apodrecido se blindar ainda mais.