O ex-ministro e ex-governador do Ceará, Ciro Gomes, anunciou nesta sexta-feira (17) sua desfiliação do PDT, partido ao qual permaneceu filiado por uma década. O rompimento, formalizado por meio de carta entregue ao presidente da legenda, Carlos Lupi, marca o fim de uma era política e o início de uma reaproximação de Ciro com o campo da direita e do centro conservador.
A decisão foi motivada pelas alianças do PDT com o PT no Ceará, especialmente o apoio ao governador Elmano de Freitas, fiel aliado de Lula. Ciro classificou o cenário como “incompatível com seus valores” e afirmou sentir-se “infeliz e isolado” dentro de um partido que, segundo ele, “se rendeu completamente ao lulopetismo”. O gesto é visto como um ato de ruptura ideológica, distanciando-o definitivamente do campo da esquerda.
Nos últimos meses, Ciro já vinha aproximando-se de lideranças ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, especialmente após declarar apoio ao deputado André Fernandes (PL) na eleição municipal de Fortaleza. Fernandes, apoiado por Bolsonaro, derrotou o candidato petista Evandro Leitão, escancarando o racha político entre Ciro e o grupo de Lula.
De olho em 2026, Ciro tem mantido conversas com dirigentes do União Brasil e PSDB, e segundo bastidores, há articulações para que ele componha uma chapa com Tarcísio de Freitas. Também existe a hipótese de uma nova candidatura ao governo do Ceará, o que reforçaria seu reposicionamento como voz crítica ao sistema petista e à “velha política de compadrio” que domina o Nordeste.
A saída de Ciro do PDT simboliza o fim do último elo entre o antigo campo trabalhista e o lulismo. Agora, o ex-ministro se apresenta como um político livre, pronto para enfrentar o sistema que ajudou a construir, mas que diz ter se transformado em um projeto de poder autoritário, fisiológico e corrupto