
Na véspera do julgamento que poderá transformá-lo oficialmente em réu, o ex-diretor-geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, apresentou uma acusação grave contra membros da Justiça Eleitoral. Segundo sua defesa, a juíza Érika Souza Corrêa Oliveira e o técnico Bruno Teixeira da Silva, ambos do TRE do Rio Grande do Norte, teriam forjado um relatório para sustentar a alegação de que a PRF interferiu nas eleições de 2022.
Vasques é acusado de usar a estrutura da PRF para instalar barreiras nas rodovias do RN, dificultando o acesso de eleitores a seções de votação em Campo Grande. A narrativa — já contestada por vários setores — sustenta que isso teria favorecido Jair Bolsonaro contra Lula. A defesa, no entanto, é categórica ao afirmar que a acusação não passa de uma tentativa de criminalizar a atuação de um órgão que cumpria sua função.
Para contestar a versão oficial, os advogados contrataram uma agência técnica que revisou os dados utilizados pelo TRE-RN. O foco da análise foi a 31ª Zona Eleitoral do estado, justamente onde se concentram as alegações de interferência. O resultado do laudo técnico revelou inconsistências graves na metodologia empregada no relatório que embasou a acusação contra Vasques.
Segundo o documento, os dados teriam sido colhidos de forma amadora, por meio de grupos de mensagens e com base em impressões subjetivas de mesários. O laudo destaca a total ausência de automação e controle na coleta de informações, o que inviabiliza qualquer tipo de prova científica. A conclusão é clara: o relatório não possui embasamento técnico confiável.
Em um dos trechos mais duros, o laudo afirma que a coleta dos dados foi feita de forma desordenada e sem comprovação de simultaneidade nas informações. A defesa de Silvinei vê nisso a prova de que o processo foi contaminado por interesses políticos e que o verdadeiro objetivo é enfraquecer a imagem de quem representou firmeza na segurança pública durante o governo Bolsonaro.