
Durante a sessão desta quarta-feira (3), no julgamento da suposta “trama golpista”, a postura dos ministros do STF chamou atenção. Enquanto Luiz Fux acompanhava atentamente a defesa do general Augusto Heleno, fazendo anotações e demonstrando interesse nos argumentos, o relator Alexandre de Moraes parecia mais preocupado em analisar documentos de outros processos do que em ouvir os fatos apresentados em plenário.
O advogado Matheus Mayer Milanez, que representa Heleno, destacou que seu cliente teria se afastado do então presidente Jair Bolsonaro nos meses finais de governo, especialmente após a filiação do ex-presidente ao PL e sua aproximação com o Centrão. “O Ministério Público tenta construir a imagem de que Heleno foi o grande conselheiro, mas isso não se sustenta. Há provas do afastamento. Se fosse total, ele teria deixado o governo, mas não havia razão jurídica para essa conclusão”, afirmou o defensor.
Milanez ainda revelou um detalhe ignorado pela Polícia Federal: uma anotação pessoal do general, registrada em sua caderneta, em que defendia que o presidente deveria se vacinar contra a Covid-19. Para a defesa, o fato comprova divergências de posicionamento entre Heleno e Bolsonaro, desmontando a narrativa de alinhamento incondicional.
A cena reforça o contraste dentro do próprio Supremo: enquanto alguns ministros demonstram compromisso em avaliar os argumentos apresentados, outros parecem agir com desprezo à defesa, alimentando as críticas de que o julgamento já teria resultado definido antes mesmo de sua conclusão.