
O assessor especial da Presidência, Celso Amorim, afirmou que os Estados Unidos “não enganam” o petista Lula. A declaração foi feita em entrevista ao UOL, ao ser questionado sobre a possibilidade de uma “emboscada” de Donald Trump durante os contatos diplomáticos.
O primeiro encontro entre Lula e Trump ocorreu na terça-feira (23), nos bastidores da 80ª Assembleia Geral da ONU. Ficou definido que haverá uma reunião formal já na semana seguinte. Amorim explicou que “tudo é possível combinar”: desde uma conversa inicial por telefone até um encontro em local neutro durante futuras viagens. Para ele, o mais importante é que “existe disposição para conversar”.
Segundo Amorim, Lula ficou satisfeito com o tratamento recebido por Trump, que chegou a descrevê-lo como “um cara muito legal”. Em discurso na ONU, o presidente norte-americano narrou o breve contato com Lula: “Eu estava subindo aqui e o líder do Brasil estava saindo. Eu o vi, ele me viu e nós nos abraçamos. Ele pareceu um bom homem. Ele gostou de mim, eu gostei dele. E eu só faço negócios com gente que eu gosto. Por cerca de 39 segundos tivemos uma química excelente, e isso é um ótimo sinal”.
Até esse encontro em Nova York, a comunicação entre Lula e Trump se restringia a cartas trocadas, em uma relação considerada indireta e, muitas vezes, tensa. Amorim ponderou, porém, que um diálogo presencial não significa automaticamente avanços em temas como a tarifa de 50% aplicada a produtos brasileiros, nem nas divergências ligadas ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF.
Mesmo assim, o assessor acredita que Trump demonstra certa abertura no tom de suas falas recentes. “Tenho a impressão de que Trump não teria feito o gesto de abertura se ele estivesse ainda disposto a tomar alguma atitude mais rígida. Já achei que, depois do julgamento de Bolsonaro, sua reação foi mais suave que de alguns outros funcionários”, afirmou.