
O Conselho Federal de Medicina (CFM) divulgou nesta sexta-feira (25) uma nota técnica contundente sobre o acesso a Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O comunicado foi publicado após a visita de uma oficial de Justiça ao quarto onde o ex-presidente Jair Bolsonaro está internado, em recuperação de uma cirurgia delicada, no Hospital DF Star. Embora sem citar nomes, o tom da nota deixa claro o recado: a ação judicial violou normas médicas.
Segundo o CFM, o acesso à UTI deve seguir protocolos técnicos rígidos, com autorização médica prévia, controle de visitantes, uso de EPIs e respeito absoluto às rotinas de segurança hospitalar. Qualquer exceção representa não apenas uma quebra de conduta, mas um risco direto à vida de pacientes em estado crítico. O conselho enfatizou que as regras se aplicam a todos — inclusive a agentes públicos e decisões judiciais.
O texto alerta ainda para o impacto emocional e físico de intromissões indevidas em ambientes como UTIs. “Estas regras garantem a estabilidade clínica e a segurança física e emocional dos pacientes em condição crítica, devendo ser seguidas indistintamente sob qualquer pretexto”, destacou o CFM. A declaração é uma resposta clara ao episódio lamentável protagonizado pelo STF por meio da ordem de Alexandre de Moraes.
O ex-presidente Jair Bolsonaro segue em tratamento intensivo desde o dia 13 de abril, após sua sétima cirurgia relacionada à facada que sofreu em 2018. O procedimento durou mais de 12 horas e resultou em um quadro de recuperação que exige jejum absoluto, alimentação via soro e monitoramento constante. Intimá-lo nesse estado foi não só desnecessário, como desumano.
A nota do CFM reforça a percepção de que a ação do STF ultrapassou todos os limites éticos e legais. Ao expor um paciente em recuperação a uma situação constrangedora e arriscada, a decisão judicial foi além da perseguição política: foi uma afronta à medicina e ao bom senso. O Brasil assistiu, estarrecido, a um espetáculo que jamais deveria ter acontecido.
