
Durante um encontro reservado no Palácio Guanabara, o ministro Alexandre de Moraes preferiu não se posicionar sobre a proposta do governador Cláudio Castro (PL) de classificar o Comando Vermelho (CV) como organização terrorista. O almoço ocorreu nesta segunda-feira (3) e foi marcado por um tom diplomático, apesar da gravidade do tema.
Castro apresentou sua defesa pela reclassificação das facções criminosas, destacando que o crime organizado atua como poder paralelo, com estrutura, armamento e recursos comparáveis a grupos terroristas internacionais. Desde o início de 2025, o governo fluminense articula apoio externo, tendo inclusive entregue à embaixada dos Estados Unidos um documento solicitando sanções internacionais contra o CV e o PCC, nos moldes da Lei Magnitsky — o que permitiria o bloqueio de bens e o rastreamento financeiro de aliados das facções.
Na reunião, Moraes ouviu as argumentações e reconheceu a importância do debate, mas evitou qualquer compromisso direto com a proposta. O ministro declarou apenas que o tema “merece ser amplamente discutido”, adotando uma postura de prudência — possivelmente por razões pessoais, já que ele próprio foi alvo das sanções norte-americanas impostas pelo governo Trump, as mesmas que Castro sugere aplicar às organizações criminosas.
Mesmo diante da coincidência delicada, o governador não recuou e manteve a defesa de sua proposta, que vem ganhando apoio de outros governadores de direita. Para Castro, enquadrar as facções como grupos terroristas é o único caminho eficaz para cortar seu financiamento e destruir sua base logística e política.
O encontro, embora cordial, expôs o contraste entre a agenda de segurança dos estados e a hesitação do Supremo diante de medidas mais duras contra o crime. A ausência de apoio explícito de Moraes reforça o impasse: de um lado, governadores dispostos a agir; de outro, instituições federais ainda reticentes, mesmo diante de um cenário de guerra urbana que assola o país.
